terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Seminário Trafico de Pessoas. Envolvam- se

26/11/2009 - Atendimento a vítimas de tráfico de pessoas será debatido em seminário nos dias 2 e 3



Tráfico de Pessoas: O Que Eu Tenho a Ver com Isso? Este é o tema do seminário que será realizado nos dias 2 e 3 de dezembro, no auditório da Procuradoria da República em Goiás. O evento é promovido pelo Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de Goiás (NETP-GO), em parceria com o Ministério Público de Goiás, Ministério Público Federal, Ministério da Justiça e o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), governo de Goiás, PUC-GO e Universidade Federal de Goiás (UFG).

A abertura, no dia 2 de dezembro, está marcada para as 14 horas, com exibição, na sequência, do filme Cinderela, lobos e um príncipe encantado, seguido de um debate. No dia 3, a programação tem início às 8 horas, com a mesa de discussão do tema “O Tráfico de Pessoas no Cenário Nacional e Regional”, sob a coordenação do promotor de Justiça Saulo de Castro Bezerra, coordenador do NETP-GO. Às 10h30 será a vez da discussão “Um Olhar sobre as Políticas e Ações de Prevenção e Atendimento às Vítimas do Tráfico”, que será coordenada pelo professor Joseleno Vieira dos Santos.

No período vespertino, a partir das 14 horas, a programação começa com uma oficina para a elaboração de propostas de prevenção junto às agências de turismo. O encerramento está programado para as 18 horas.

As vagas são limitadas e as inscrições podem ser feitas com o preenchimento da ficha de inscrição e envio para o e-mail netp@mp.go.gov.br até o dia 30. O auditório da Procuradoria da República em Goiás fica na Avenida Olinda, Qd. G, Lt. 2, Park Lozandes, em Goiânia. Clique aqui para ver a programação completa. (Texto: Cristina Rosa /Assessoria de Comunicação Social - Arte: Wesley César)
Fotos

Cartaz de divulgação do seminário Tráfico de Pessoas: O Que Eu Tenho a Ver com Isso?

http://www.mp.go.gov.br/portalweb/conteudo.jsp?page=1&conteudo=noticia/7c2951ad1fbe1858d92398f9abc809c9.html

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Algo sobre a historiografia feminina...

Este é o começo de um trabalho sobre Mulher do sertão que estou desenvolvendo em um dos grupos de gênero que faço parte (Lembranças e Narrativas da Mulher do Brasil Central, com a Prof ª Dra. Maria do Espirito Santo Rosa Cavalcanti).

Estou gostando muito de pesquisar sobre este tema, porque é uma maneira de quebrar o preconceito que tenho, enquanto aluna, sobre os assuntos culturais e ainda aprender mais sobre o assunto...

Segue:


“ Se a mulher tem o direito de subir ao cadafalso, ela deve ter também o de subir à tribuna.” (Olympe de Gouges)

Introdução:

Vários fatores possibilitam hoje o interesse pelos estudos de gênero na iconografia cientifica. Ainda do século XIX as concepções sobre a figura feminina ainda tratavam a mulher como um ser inferior, dependente e submisso. De acordo com Londa Schiebinger, todos estes adjetivos acabaram por afastar a ciência e seus objetos dos estudos sobre o gênero. Mas não por muito tempo, já que na metade do século as pioneiras do feminismo começaram a questionar a formação educacional que era oferecida para as mulheres. Apesar de já poderem freqüentar as instituições de ensino as ementas direcionadas aos grupos escolares para as mulheres tinham a intenção de reforçar alguns conceitos, como o de “santificar a missão feminina na terra”, “vocação materna” ou ainda “responsável pelos ofícios domésticos”.
Alguns estudos, como por exemplo do historiador Thiago Santanna,citam a participação feminina nas ações abolicionistas goianienses, onde ele cataloga as experiências acerca do envolvimento das mulheres nestes episódios , procurando desmitificar os papéis que sempre são atribuídos ao gênero. Outros autores, como a historiadora Maria do Espírito Santo Rosa Cavalcanti, trabalham as memórias, que compõe o universo feminino do sertão, com recortes culturais específicos. Estas investigações sempre intentam legitimar e mostrar a relevância social que um estudo sobre o tema pode contribuir para o reconhecimento e o resgate da ação dessas sertanejas no país.
Apesar dos movimentos que eclodiam em determinadas partes do país para a emancipação intelectual da mulher, a sociedade do sertão do Brasil Central ainda mostrava resistência para aceitar o voto feminino, por exemplo. O vinculo religioso que mantinha a maioria dos colégios da época, e que ofereciam aulas para as mulheres, davam maior atenção ao preparo da reprodução, aos cuidados com a postura diante das exigências sociais que as cercavam e ainda ensinavam como elas deveriam cuidar dos alimentos direcionados a elas e aos filhos. Todos estes fatores mantinham o equilíbrio entre as expectativas masculinas, socializadas e enraizadas nas gerações anteriores e de acordo com Martha Robhes afligidos pela obsessão de mantenedores e concentrando –se em apenas tarefas práticas, tornando a mulher, cada vez mais afastada da participação financeira da família. O papel feminino dentro da instituição ,casamento, não era o de transformar a realidade em que vivia e sim, manter sua família unida, alimentada e educada (com os recursos patriarcais).
Como ouvir estas vozes ressonantes, que buscaram a diferença nesta realidade do Brasil Sertanejo em Goiás e no que elas imaginavam que seria uma vida mais digna?
Tentando responder estas questões que este trabalho é baseado , também em oralidades, em documentos pessoais, em alguns lugares onde a História ainda não foi para registrar o que teriam dito estas mulheres se questionadas em seu tempo.
A identidade da mulher no sertão goiano foi construída a custo destas memórias femininas, submissas ou não, políticas ou não, mães ou não. Mesmo porque, de acordo com Pollak,(1992,p.204) “A noção de identidade é construída como um fenômeno que se produz em referencia aos critérios de aceitabilidade, de credibilidade, até de admissibilidade, e que se faz por meio de negociação direta com os outros. Memória e identidade podem ser perfeitamente negociadas,e não são fenômenos que devam ser compreendido como essências de uma pessoa ou de um grupo”
Mesmo sem resultados definitivos, já que oralidades partem de falhas no tempo e memórias subjetivas, não há como negar que graças à intuição amorosa da mulher, desde muito tempo, governava disfarçadamente a ordem presente e futura de sua comunidade. A catalogação e a interpretação das narrativas femininas do começo do século XX nos permitirá descobrir como é que este “governo” se dava.


Autoria: Shirlei Romano
curriculo lattes: http://lattes.cnpq.br/0578442779563045

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Reflexões sobre o texto: Aspectos Subjetivos da Cidade(Sergio Paulo Rouanet)



Assim como muitos de vocês, já experimentei a sensação de ser estrangeira algumas vezes (dentro e fora do país e ás vezes no meu próprio quarto...Mas não é o caso agora...)...

O caso é que ao ler o texto Aspectos Subjetivos da cidade, comecei a refletir sobre o que torna uma localidade marcante? Quais são os argumentos daqueles que elogiam uma cidade em detrimento de outra?


Pensei nisto, porque escolhi uma outra cidade para morar, outros valores e outro território (o mesmo país mas com cobranças diferentes das que eu tinha, em outros lugares...)

Na narrativa de Sergio Rouanet, o que torna um lugar especial, titulo de muitas indagações são os sujeitos e as experiências vividas por estes sujeitos nos vários lugares que passaram.Desta maneira é importante que o individuo se identifique com o lugar ao qual pertence para que a cidade faça parte dele e assim ser a essencial de todas aquelas em que já viveu, ou pelo menos uma das. No texto Rouanet cita três lugares, como sendo essenciais, particularmente para ele, Recife onde nasceu, Rio de Janeiro onde reside e Paris por onde passou e se encantou. Com este exemplo simples, é possível dizer que o tema abordado é o mecanismo de identificação que faz com que o sujeito se familiarize com a cidade. Ora, é possível viver quarenta anos em um lugar sem se familiarizar com ele? Sim, é. Pelo menos na descrição de Lúcia Leitão, existem muitos critérios que fazem com que o lugar seja especial para o individuo, e isto não significa necessariamente que precisa ser o lugar onde ele nasceu ou viveu a maior parte dos dias. Pode acontecer de um lugar ter sido visitado por horas e a pessoa relacioná-lo como sendo geograficamente essencial para viver e encontrar nele elementos que justifiquem esta relação.


Isto se dá de uma maneira muito peculiar mas o importante é ressaltar que, o sujeito se projeta na cidade ideal, mas se realiza na cidade dos sonhos.

A cidade pode chegar a ser algo completamente diferente do que conhecemos hoje, o mundo,muda suas percepções e necessidades diariamente. Neste momento fala-se de uma cidade que existe no verbo e no real, que participa e conjuga o sujeito revertendo o campo das divagações utópicas para a construção de uma nova realidade dentro do espaço urbano. A História Cultural pode apontar caminhos para reflexões neste sentido.

Acredito que somos seres adaptáveis, mas ás vezes resistimos a pertencer ao lugar em que estamos...Particularmente sei qual é o meu foco de resistência na cidade em que estou ( não me localizo bem, geograficamente, neste território)...Resisto inconsciente ou conscientemente sei lá...Como que tentando preservar a minha identidade regional, ou seja no momento que eu pergunto : " Qual o caminho para tal rua?" Na verdade quero dizer : " Não sou daqui..." Sei que é uma forma de não adaptação e que só dificulta as coisas, mas fazer o que? Sou um ser em construção e felizmente ciente de minhas limitações subjetivas em toda a cidade que pairo meus devaneios...


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Soberania Nacional nos países Latinos ?




Este tema , é um conceito que aos poucos é eliminado do vocabulário da América Latina, por exemplo...Por ideologias que chegam do estrangeiro, com slogans fáceis e com uma estrutura cinematográfica para levar o espectador latino para dentro da “Beleza Americana” a real , aquela que pode ser vivida. Porém não pode. Sabemos que um Estado só pode respeitar os seus cidadãos quando respeita o seu direito de ser o que a nação oferece, e com exceção de Cuba, não temos uma nação latina que preserva tanto o seu espaço nacionalista para impedir que influências externas venham impossibilitar o sentimento pátrio.

O excesso disto também não pode ser visto como natural, já que trazem a tona , grupos radicais com ideologias que beiram o terrorismo, mas uma politização bem realizada faz com que a população se ressinta e perceba o seu próprio massacre,as vias que os levaram aonde estão e portanto devem ser combatidas, negadas, sentidas e não ignoradas.

Nacionalismo

Fragmento do estudo que fiz semestre passado sobre Os movimentos Nacionalistas, dentro do livro de Eric Hobsbawm- A Era das Revoluções- (estava na hora de eu colocar algum material que pudesse ser útil (ou não...rs) para os historiadores googleiros ...Levem em consideraçaõ que é um recorte, inserido dentro de uma pesquisa mais elaborada...


Segue:


Autoria: Shirlei Romano


Após 1830, a partir da Europa, os movimentos em favor da revolução se dividiram, com isto surgiram : OS MOVIMENTOS NACIONALISTAS CONSCIENTES.

As manifestações que são consideradas símbolo desta evolução, são os chamados movimentos “jovens”, inspirados por Giuseppe Mazzini, que foi uma das mais importantes figuras da unificação italiana, ao lado de Garibaldi e Conde de Cavour, político e revolucionário do movimento chamado Resorgimento, e fundou a Jovem Itália, Jovem polônia, Jovem Suíça, Jovem Alemanha, Jovem França, em 1831-6 e o movimento similar chamado Jovem Irlanda.Todos estes movimentos foram criados com a intenção de unificar e libertar outros estados europeus e são considerados marco da “desintegração do movimento revolucionário europeu em segmentos nacionais”.

Pontos importantes a destacar:

· Estratégias e programas políticos semelhantes

· Bandeiras parecidas, quase invariavelmente tricolor ,de alguma forma

· Exigências similares

· A encarnação de Messias junto aos movimentos, de uma figura que representasse e falasse por todos

Mas apesar de toda a garra que era sentida nos movimentos sociais , até aquele momento só havia tido um grande levante de sucesso e este era francês, assim era inevitável não tê-lo como uma espécie de “quartel general de todas as revoluções e o necessário primeiro motor da libertação do mundo. Confiar em Paris era racional; confiar em uma vaga “Itália” , “Polônia” ou “Alemanha” (representadas na prática por um punhado de conspiradores e de imigrantes) só era lógico para os italianos, poloneses e os alemães”

E porque que o novo nacionalismo recebeu tanta atenção dos estudos históricos? O autor explica que se ele tivesse sido limitado só aos membros da fraternidade, certamente não valeria a pena citá-lo, porém ele refletia forças muito mais poderosas que estavam tomando um corpo consciente nesta época especifica (1830):

· Descontentamento dos proprietários menores/ pequena nobreza

· Surgimento de uma classe média e até de uma classe média inferior em vários países, tendo como porta-vozes intelectuais profissionais

O papel da pequena nobreza pode ser sentido melhor na Polônia, e na Hungria, onde os “grandes magnatas húngaros, eram em geral, católicos e de há muito tinham sido aceitos como os pilares da sociedade...” Estes cidadãos haviam descoberto maneiras de entrar em um acordo com o absolutismo e a dominação estrangeira.Por não terem problemas financeiros, suas intenções pareciam preferir a diplomacia do que a revolta, afinal não era interessante perder tão bons aliados em negócios futuros. Mas o que dizer daqueles senhores, que eram considerados cavalheiros, e que tinham certo nível intelectual, porém não tinham dinheiro? Estes arquitetavam alternativas para entrarem no universo administrativo e político de alguma maneira, exceto funções que os levassem de encontro a burguesia,pois esta não era tolerada por eles.Incapazes de competir com a já consolidada classe média, estes distintos europeus passaram a formar uma classe, até despretensiosa de sua própria força, contra o absolutismo e à “dominação dos magnatas e estrangeiros, protegendo-se (como na Hungria) por trás do escudo duplo do calvinismo e da administração dos condados”,portanto naturalmente o descontentamento, e a oposição local e a aspiração de empregos mais dignos com suas condições se juntassem as impressões nacionalistas.

Por outro lado o setor empresarial, já consolidado de uma forma muito densa,principalmente na Inglaterra, nada queriam com o nacionalismo, todos os produtos tinham de uma certa forma, ligações entre si, e bater de frente com outras nações seria perder um mercado interessantíssimo para as finanças da classe, supracitada. Além do mais, haviam triunfado, em um campo que os nacionalistas ainda não tinham tido muito sucesso, que era o da unidade nacional, por meio da União Aduaneira. De acordo com o site: http://www.notapositiva.com/dicionario_gestao/uniao_aduaneira.htm, acessado em 03/06/09 ás 15:22: “Uma União Aduaneira é uma forma de integração econômica, em que se verifica uma livre circulação de bens entre os países membros e, simultaneamente uma pauta aduaneira comum para com países terceiros”. Os chamados Impérios Nacionais, preferiam as vantagens que os grandes mercados abertos, propiciavam do que a promessa de regionalismo mercantil da bandeira nacionalista.

Como já foi citado anteriormente,os grandes interessados no nacionalismo, dentro da classe média, eram as chamadas classes educadas (categorias profissionalizantes, administrativas e intelectuais) e porque era do interesse deles, este tipo de movimento? Para este segmento era muito interessante que houvesse autonomia dos povos e o direito de criarem seus próprios estados.Não de uma maneira extremista de um estado independente, exigiam alterações politicas, que pudessem defender sua classe. Por este e outros motivos que não devemos considerar o movimento nacionalista como homogêneo porque nem todas as classes que queriam o nacionalismo, o queriam por uma questão patriótica, existiam muitos interesses em jogo, e arriscamos dizer que se outra vertente desse melhores opções e talvez até mais vantagens que a bandeira nacionalistra, certamente estes intelectuais, não todos, mais a maioria seriam motivados a defender os ideais desta suposta corrente convidativa.

Outro ponto que trata o texto , sobre a identidade nacional é a questão educacional, os movimentos exigiam a educação das massas, importante nesta concepção tanto para a economia cada vez mais dependente da tecnologia, quanto pela nova demanda da administração pública e privada. Ou seja a serviço do estado nacionalista a escola tinha a obrigação de educar os cidadão a serem bons súditos. Como funcionaria isto:

O sistema educativo nacional, organizado pelo Estado, exigia que o ensino se fizesse numa língua oficial. A educação, os tribunais e a burocracia, fizeram da língua a primeira condição da nacionalidade. Também o serviço militar era usado para incutir a consciência de nacionalidade. Por outro lado, o nacionalismo de estado tanto podia mobilizar habitantes como alienar outros, que não pertenciam, nem queriam pertencer à nação edificada. Mais uma vez, o exemplo é o dos emigrantes, que sentiam na pele os movimentos nacionalistas da sociedade de acolhimento, por serem vítimas de xenofobismo e por serem obrigados a nacionalizar-se. Por isto, no seio dos imigrantes, a nacionalidade transformou-se numa rede de relações pessoais porque cada vez que se encontra um membro da mesma nacionalidade estabelece-se uma relação pessoal” [1]

O texto mostra claramente na página 195 que a esmagadora maioria dos europeus, continuava sem instrução, e até mesmo, muitos trabalhadores que iam viver na Europa não tinham uma alfabetização forte. Fácil imaginar porque, afinal se hoje no século XXI, temos dificuldades de convencer os trabalhadores da importância da educação, da alfabetização para seus filhos, à época que trata o texto, recém tomada de rebeliões, revoltas, que faziam o povo desacreditar no estado, e na sua função, como convencê-los da importância de serem alfabetizados?

Mesmo com esta imposição das línguas pelo movimento, não era desta maneira que os cidadãos identificavam se uns com os outros. O elemento de congregação destes povos, continuava sendo a religião. Então, de acordo com Hobsbawm , o “teste de nacionalidade” era para um espanhol encontrar outro católico como ele, mesmo que não falassem o mesmo idioma, pertencia à mesma nação, neste sentido, sensível, os russos eram reconhecidos entre seus vizinhos ortodoxos. Mas isto ainda era complicado de definir, já que os italianos por exemplo, nem sequer conseguiam entender uns aos outros, visto os muitos dialetos que as distâncias determinavam. Mesmo assim ,este enfrentamento não era considerado foco de nacionalismo, não havia esta consciência , este desejo de formar um estado pela maioria da população trabalhadora, isto partia de cima. Como exemplo o texto cita o caso dos Camponeses de Galícia, que em 1846 se opuseram aos revolucionários Poloneses, mesmo estes tendo declarado que queriam acabar com a servidão imposta pelo poder regente àquela região. Tantos anos de opressão fez com que confiassem mais nos agentes do imperador do que nestes ditos nacionalistas com os quais não se identificavam.

Mesmo com estes exemplos é inegável que as conseqüências do nacionalismo europeu se estenderam de uma forma absurda. Não só por ter sido criado na chamada nova Europa, mas por despertar um sentimento de resistência à opressão, com olevante dos pequenos que conseguiram chegar aos grandes. Grandes potências também surgiram a partir do nacionalismo: Alemanha, Bélgica,Itália, além do que pelo nacionalismo é que se deu origem à Primeira Guerra Mundial, e foi com as bases destes sentimentos nacionais conservadores, como denomina Hobsbawm que irão nascer os regimes autoritários e fascistas pós guerra. Impossível não achar que o movimento teve conseqüências globais..E pensar que nasceu a partir de movimentos jovens que intencionavam apenas a libertação de suas próprias nações.

BIBLIOGRAFIA

HOBSBAWM, J.E. A Era das Revoluções 1789-1848, Paz e Terra, Rio de Janeiro

http://www.notapositiva.com/dicionario_gestao/uniao_aduaneira.htm, acessado em 03/06/09 ás 15:22

http://neh.no.sapo.pt/documentos/nacionalismos.htm, acessado em 03/06/09 ás 15:42

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Oaxaca: Uma comuna do século XXI


Oaxaca: Uma comuna do século XXI[1]



Oaxaca é um Estado do México um pouco menor que Pernambuco com 3 milhões de habitantes, destaca-se como o segundo Estado mais pobre do país.Sua capital –é considerada a mais bela cidade colonial do país têm 600 mil habitantes. Com quase metade da população recebendo menos do que um salário mínimo, o que mais revela a pobreza deste Estado é a falta de interesse das elites burguesas mexicanas.

Dentro do movimento sindical mexicano, existe muita burocracia e de acordo com Gilson Dantas[2], este movimento é conhecido pela sua corrupção e métodos gangsteristas e ainda por manter estreitas ligações com o PRI[3] ,o que por si só descaracteriza o envolvimento de uma luta anti a ordem estabelecida.

A estrutura da Comuna de Oaxaca ,teve inicio com a insatisfação salarial dos professores (que recebem salários baixíssimos) e dentro da sociedade daquele estado, são os que recebem mais, ou os que têm mais estabilidade profissional (só para termos uma idéia da pobreza da região). Todos os anos, esta classe de trabalhadores sai nas ruas e pleiteia melhores condições de trabalho, e como sempre acontece o governo respondeu com migalhas e ainda acrescentou uma violenta repressão. Dentro deste contexto os professores se declaram em greve.

Esta paralisação durou de maio a junho e os manifestantes agiram com bloqueios as principais rodovias de acesso à cidade e um grande piquete permanente de apoio na praça central da capital. Em junho eles foram retirados a força da praça central (neste ponto é importante ressaltar a brutalidade da policia mexicana), mas mesmo com este revide os manifestantes voltaram aos milhares e agora como apoio popular.

Não é difícil imaginar porque houve tanta adesão as manifestações de Oaxaca, ora, uma população que vivia a beira da miséria, e passava toda sorte de necessidades enquanto via seus esforços sendo massacrados por uma forte repressão, de décadas só podia guardar muitas mágoas. A oportunidade de externar isto através de uma manifestação de cunho popular, como era o propósito do magistério da cidade foi muito bem acolhida pela população de revoltosos.

Como a negociação estava cada vez mais difícil os manifestantes resolveram se organizar em uma Associação chamada APPO( Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca) e seu principal objetivo era a renúncia do governador do Estado, que na visão dos manifestantes era o responsável por anos de opressão e misérias. A Assembléia “funcionou como um organismo único frente às massas populares de ampla base social e de luta,baseado na categoria dos trabalhadores da educação,tomando as suas decisões com base em assembléia[4]. A partir da organização da APPO, várias manifestações coordenadas apareceram por todo o país, e durante o seu auge que durou de junho a novembro de 2006, contou com 200 representantes de diversos movimentos. Como por exemplo: grupos de mulheres,sindicatos,redes de direitos humanos, ambientalistas, organizações camponesas,indígenas,estudantes e comunidades de base da Igreja .

Segue tópicos dos principais feitos a partir da Assembléia:

  • Vários setores da população explorada saíram às ruas, obrigando a policia a se recolher de volta aos quartéis.
  • Meio ano de lutas e greves populares e com mega marchas que chegaram a ter de 300 a 500 mil participantes.
  • Edifícios públicos foram ocupados,inclusive em vários municípios de Oaxaca.
  • Programas de rádio passaram a ser transmitidos sob controle dos professores, divulgando a luta e coordenando o movimento
  • Ocupação de canais de TV, o que possibilitou a geração do noticiário próprio dos manifestantes, sem a interferência e imparcialidade da grande mídia, mobilizando movimentos culturais e sociais.
  • Barricadas com plantões todas as noites para garantir seu “toque de recolher” e sua “força policial” própria, além de um guarda móvel encarregado da ordem publica e da contenção da hostilidade do governo
  • Implantação de um governo alternativo com controle territorial importante e ampla base de massa.

Suas principais reivindicações eram:

· Construção de órgãos de massas democráticos e de luta.

· Organismo popular pré-soviético do tipo Comuna[5]

A repressão ao movimento foi intensa, inclusive com o assassinato de 23 manifestantes, (logo no inicio da revolta) detenção de outras centenas e na retirada de algumas dezenas. Muitas mulheres que participaram do movimento foram violentadas, nas barricadas noturnas, e as mortes passaram a ser rotina dentro da resistência.

Até os dias atuais, muitos lideres da rebelião estão em cárcere de segurança máxima, com acusação de provocar a desordem publica, além dos testemunhos contarem centenas de desaparecidos. Dentro de todo este caos, a posição do governo do México foi a de não afastar o governador de Oaxaca e ao mesmo tempo debilitar a Comuna, interna e externamente, enviando tropas federais onde poderiam encontrar pontos de manifestação e ao Campus da Universidade (principal foco de resistência dos manifestantes e onde formavam suas maiores barricadas e vinculavam o principal meio de comunicação da rebelião através da Radio Universitária).

“Uma parte da força da APPO convocava a unidade do movimento para o retorno às aulas e para o abandono das barricadas, numa fase em que o movimento mantinha sua força,ao mesmo tempo em que o governo não cedia e simultaneamente,assassinava”[6]


[1] Titulo do artigo do Professor Gilson Dantas

[2] Gilson Dantas é doutor em Sociologia pela UNB

[3] Partido Revolucionário Institucional Mexicano, ligado ao governo ditador que esta a frente da política de Oaxaca à 77 anos.

[4] Trecho da revista Antítese n° 4/outubro de 2007-Artigo de Gilson Dantas

[5] Os sovietes ou conselhos são órgãos amplos,democráticos (democracia direta) e de combate de massas,fundados na classe trabalhadora.Costumam surgir em todo processo revolucionário profundo e se constituíram com o partido de Lênin e Trosty, na base essencial da tomada do poder na Rússia de 1917.

[6] Trecho da revista Antítese n° 4/outubro de 2007-Artigo de Gilson Dantas

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Para descontrair...

HISTÓRIA, em quadrinhos

(no sentido literal da coisa)


Sempre goste deste site : Nona Arte, traz umas tiras incriveis...Clicando aqui e ali, descobri algumas sobre história...

Segue:

E muitos outros


Boa Leitura...




quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Se a liberdade fosse colorida, para mim seria Azul!




Tenho amigos que dizem que os historiadores são muito radicais, que não ponderam...

Mas como é que vamos nos calar, quando lemos que na Convenção da Paz, ocorrida em Haia,por exemplo, nenhuma nação latino americana foi chamada para representar seus liderados? E não importa quanto tempo isto faz, porque todas as feridas latinas continuam abertas e sangrando...

- fato-

Ficamos com a representação Norte Americana, que tem a realidade completamente diferente da nossa?

Está bem amigos, acho que diante disto devo aceitar que alguém sempre fale por mim..Será que assim é melhor?

Tenho voz, e enquanto tiver digo, ou cito, ou me manifesto...

Fico com Beauvoir

Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância.

ps: não sou adepta dos "fora yankees!!" , mas sim do respeito que cada nação deve a outra, revelando cumplicidade digna e humanitária . Não vou ignorar algo latente, por mais rebelde que possa parecer, prefiro mostrar as chagas do que esconde-las embaixo da idéia de inferioridade que tentam inferir a nós , todos os dias, ou do sorriso amarelo de "deixa estar".

Cada um lê com os olhos que tem e interpreta a partir de onde os pés pisam.

Esta frase de Leonardo Boff, mostra a maneira como a História ou as histórias/estórias, podem ser interpretadas...

Aprendemos que não existem verdades, mas construções ou intenções de verdades...Baseadas na sociedades em que vivemos e a cultura que adotamos...

Aprendemos a respeitar as mentiras e entende-las...E até a admitir que quando se trata de pesquisa , a mentira pode ser um fato tão cru quanto a realidade...

Muito confuso, mas estou construindo este conhecimento, através das ferramentas e autores, apresentados esta semana: Richard Rorty, Homi K. Bhabha e Arif Dirlik.

Algo no sentido que o trabalho do Mestrando Edimundo Rosa esta trazendo: " A bolha nebulosa da teoria", intrigante, vale a pena pesquisar...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Blog de História...

Existem muitos motivos para começar este blog...Um deles certamente é a escolha profissional que fiz e que me motiva a buscar respostas ou aceitar o que simplesmente precisa de pesquisa, muita pesquisa...E o outro é porque precisava de um espaço só para escrever sobre o que fascina dentro desta escolha.

Sempre escrevi sobre estes assuntos, mas estavam ficando meio misturados com algo mais pessoal no meu outro blog: www.minutosinconstantes.blogspot.com. E considerei importante ter um espaço só para “historiar”...Acredito que vai ficar mais prático de administrar e segmentar tb..Afinal quem estiver interessado em saber curiosidades históricas não precisa saber como está indo minha semana , certo?

Agora a motivação toda...

A parte mais interessante de estudar história certamente está nas coisas inacabadas, porque são nestes pontos que precisamos rever e trazer a tona questões que antes não existiam..Mais questões que demandam mais pesquisas, em um ciclo que mistura um pouco de tudo.

Cada descoberta, não precisa ser tão comemorada...Ou como dizem por aí: O melhor da festa é esperar por ela, a analogia disto com a carreira que escolhi é: o melhor do projeto é a pesquisa não o "resultado".

Tentarei colocar aqui um pouco do que absorvo desta ciência ( esta afirmação por si só já mostra que não será um blog extenso)...Mas trará partes do que realizo no Centro de Pesquisa que trabalho e dos Grupos e Projetos que faço parte.

Atualmente são três, todos ligados a realidade de Gênero, que o campo que mais me identifico, o que não significa que as outras áreas do conhecimento histórico serão negligenciadas...

Segue o Link das Plataformas de Pesquisa que participo na graduação:

Espero que seja uma ferramenta útil para quem busca informação e pesquisas em Ciências Humanas e um espaço para debates...Ou seja lá o que vocês quiserem.Web é um espaço democrático e aberto, não é?

Bem Vindos a este descontrole historiográfico

Um país que tem Pré- História ( terça-feira, 9 de junho de 2009

Um estudo que é pouco abordado nos cursos de História na maioria das faculdades, é o estudo sobre a Pré-História Brasileira...Parece que nossas terras só passaram a existir quando os Portugueses aportaram por aqui e sabemos que isto não é verdade. Há muita história na Pré História do Brasil, antes da escrita e da dita civilização..(sim, dita, pq todas as comunidades que aqui viviam desenvolviam de uma maneira ou de outra sua sobrevivência e o faziam em grupo, então não podem ser chamadas de outra coisa do que civilização)

Em Goiânia há o Museu Antropológico que traz elementos significativos da pré-história no Brasil Central (região que me interessa muito em pesquisa), e cada Estado mantém o seu próprio acervo sobre o Brasil antes da escrita, antes da chegada dos colonizadores, um Brasil que tem milhares de anos.

O fato de sermos uma nação jovem, só significa que em termos de democracia, civilização (no conceito de Norbert Elias ), ou no que hoje é considerado mundialmente importante, temos realmente muito chão para percorrer, mas temos pré-história, ( toda uma cultura negligenciada mas que nos pertence...)

Vale ressaltar que não sou nacionalista, respeito o direito das pessoas de defenderem seus pontos de vista, assim como defendo o meu...Caros professores, coordenadores dos Planos Pedagógicos Curriculares, vamos dar mais abertura para este assunto...E ao invés de tratarmos como informações que nos rebaixam, tentemos torna-las motivo de orgulho para nossos alunos...

[caption id="attachment_59" align="alignnone" width="368" caption="Sambaquis, vestígios dos povos pré-históricos do litoral brasileiro"Sambaquis, vest�gios dos povos pré-históricos do litoral brasileiro




"Parque Nacional da Serra da Capivara - Vestigios Pré Históricos no Brasil"Parque Nacional da Serra da Capivara - Vestigios Pré Históricos

"Fóssil encontrado em cerâmica na região Amazônica"Fóssil encontrado em cerâmica na região Amazônica[/caption]

[caption id="attachment_62" align="alignnone" width="300" caption="Cerâmica pré histórica encontrada e restaurada"Cerâmica pré histórica encontrada e restaurada
"Representação do cotidiano indigena"Representação do cotidiano indigena

"Outra representação, ritual entre os guerreiros da Tribo"Outra representação, ritual entre os guerreiros da Tribo

O assunto existe , as imagens estão disponiveis...

Tão importante quanto sermos reconhecidos pelo que fazemos , é sermos elogiados por aquilo que nos tornou o que somos.




Temos muita bibliografia também fora da Web, vamos deixar um pouco de lado a História Europeizada que nos impõe uma inferioridade que não combina com o nosso país,e pesquisar os autores que falam do Brasil Pré Histórico.

  • Pedro Paulo Funari- Pré História do Brasil

  • Josué Camargo Mendes - CONHEÇA A PRÉ-HISTÓRIA BRASILEIRA

  • Stella Carr- O Homem do Sambaqui (Uma Estória na Pré-História)

  • Cláudio Vicentino- Brasil: Da Pré História à Independência Política

  • e tantos quantos pudermos pesquisar...

Plano de Aula, para ensino fundamental-Tema: Continente ( 6 de junho de 2009 às 09:12:41 )

Recentemente a disciplina de História da Africa foi agregada as matérias do ensino fundamental também..Não a Africa escravizada,mas a nação como um todo...Durante o Estagio Supervisionado I (que é uma das matérias que temos em História, foi propostoa elaboração de uma aula sobre o tema...


Segue...

ps: Faz-se necessário explicar conceitos antes da apresentação das imagens, para que as imagens não virem motivo de banalização do conteúdo, principalmente com a palavra etnia, fui aconselhada a trabalhá-la de forma bem detalhada, juntamente com o significado de “África Repartida”, explicar por quem e por que...

Sintam –se a vontade para utilizar a mídia...O conhecimento deve ser de domínio público, só peço a gentileza de citarem também o ultimo slide, com os créditos das imagens e da produção da aula, como uma forma de respeito aos profissionais que o fizeram possível, ok?

Sucesso a todos!



Novos formatos, para a mesma História (05/06/09 ás

Algumas pessoas me perguntam o que pretendo fazer cursando História...Hummm, ser Historiadora é claro...Alguém pergunta para um estudante de medicina o que ele quer fazer com medicina? Ok, perguntam..Qual a área que ele prefere dentro da medicina, mas o foco parece outro...

Adoro História, e não quero obrigar ninguém a gostar, mesmo...Acho que cada um segue sua trilha (apesar de ser meio clichê funciona...Sigam seus caminhos garotos...)

Na verdade até entendo, é dificil despertar o interesse das pessoas pelo estático...Aquele fato que não tem mais voz...Sempre dizem: Porque devo estudar o que já passou? para que guardar todas estas datas? o que tem a ver com minha vida estes fatos?


Ninguém sabe que estas falas têm uma justificativa...Nasceu em 1837, desde que a disciplina de HIstória passou a ser autonoma das outras ciências da área de humanas e a servir a interesses políticos e ideológicos especificos. Para ensinar esta matéria os professores recorriam a memorização de datas e na repetição dos textos escritos.Ora assim é fácil ficar chato...Até o assunto mais interessante ficaria...Mas sabe o que eu acho incrivel? A nossa capacidade de reinvenção...

Existem muitas formas de falar sobre a mesma coisa,sem ser repetitivo...É como fazemos com os relacionamentos, como agimos com os amigos ou romances...Podemos até falar sobre o mesmo assunto, mas podemos fazer isto cada vez de uma maneira diferente e tornar a rotina desafiadora, todo instante...

É a mesma HIstória? Ora, não precisamos trocar a cor do chapéu da Chapeuzinho Vermelho...Mas podemos colocar uma ponte no caminho e fazer com que ela pare para colher uma flor para levar para vovó, isto não muda o contexto..Existem formas e formas de se fazer isto...

Outro ponto importante esta no sujeito que ensina...Tenho um exemplo que eu adoro...



Sabe aqueles professores que usam e abusam do talento de comediante para educar os alunos?

O Professor Carlão é um destes...Existem aqueles que não gostam, criticam, mas acredito que assim como toda forma de amor é válida, toda forma de ensinar também deva ser...

Para ter uma idéia e aprender um pouco sobre a Primeira Guerra Mundial, segue um trecho da aula...






Tudo pode ser uma grande brincadeira, sem banalizações. Este profissional, e sim pasmem ele é um profissional, adquiriu esta técnica ao longo dos anos. É inegável que ele tenha muita bagagem e com o decorrer do tempo acabou aprendendo como transmiti-lá de formas diferentes...

Não sou palhaça, certamente não terei os talentos de Carlão em sala, mas terei outros e não medirei esforços para usá-los, sem me agredir é claro...

Outras formas existem, para tudo...

Para responder o primeiro parágrafo: Isto que quero com História, achar novos meios de dizer as mesmas coisas...Como entender mais do mesmo? Reinventando o óbvio, acredito...

Uma coisa vocês podem ter certeza, todos daquela sala saíram entendendo exatamente o papel do Brasil na batalha, com a explicação do Professor Carlos, e ele pode seguir a matéria, entrando em outros enfoques e trazendo a história para mais perto dos seus alunos...


Brasílias (porque não acredito que haja uma só) (04/06/09 ás 14:33:34)

Clarice Linspector, escreveu sobre almas que andam e outras paralíticas, algumas bailarinas, mas são todas almas. Escritora amante do Brasil, já que apesar do reconhecido talento, nunca chegou a ter os privilégios de uma esposa, mas também não sofreu as intempéries de ser.Clarice inspira esta escrita sensível que intenciona falar sobre ela, sobre suas impressões. O livro , Para não esquecer ,traz capítulos imersos nestas sensibilidades condicionadas a se tornarem parte da voz de uma geração.

Escolhi falar de um capitulo que me chamou muita atenção. Aquele que fala de Brasília. Sempre ouvi falar desta cidade, e apesar de hoje estar morando a apenas 03 horas de distância (ou 1/2, depende do motorista...), ainda não a conheço..Sinto que resisto, pois na oportunidade que tive, desci do carro, cumpri o compromisso e voltei para o carro, não olhei o céu, não vi os prédios, fechei os olhos para a arquitetura. Mas sou assim, se não for para fazer direito prefiro não fazer, e senti que Brasília merecia mais do que um rápido olhar...Merecia que eu demorasse por lá, e assim tirasse as minhas conclusões, não foi daquela vez, e ainda não sei quando será...


Mas Clarice, proporcionou uma descrição curiosa, sobre a cidade,principalmente quando lamenta ser esta uma localidade cheia de pudores, tais quais foram sentidos pela escritora, mas regados de sentimentos que parecem compartilhados por muitos, pelo menos quando pergunto sobre a capital escuto coisas como, ás que diz Clarice, por exemplo...:


“Brasília é artificial”- Com toda expectativa gerada com a sua elaboração, o local passou a ser alvo de várias críticas, não cabe aqui dizer se são justas ou não. Mas a analogia que Clarice faz de Brasília, artificial como o mundo assim que foi criado, mostra que tratamos de uma geografia jovem , de primeiras impressões romantizadas, como se o projeto de Niemeyer fosse o croqui da terra prometida. Bobagem ,as promessas, contam com o incerto, os contratos são bobagens, quem garante que o artigo X, da lei YZ estará em condições de ser cumprido quando necessário...O arquiteto conta com o incerto, ou como diz uma amiga : “Me afasto do projeto quando chega o primeiro porta retrato”. Brasília deixou de ser de Niemeyer, assim que a fita de inauguração foi cortada, ele não tem controle sobre ela.


Brasília é de um passado esplendoroso que já não existe mais”- Como toda crônica que se preze, esta também faz montagens e remontagens com o passado, liga-se ironicamente a outros autores e pretende explicar o que é ter um passado esplendoroso. Temos a ilusão de que o passado sempre traz histórias mais gloriosas do que aquelas que vivemos hoje, muitos autores já apresentaram sua opinião a respeito, talvez porque o que não vivemos parece sempre mais atraente, mas esta é uma afirmação subjetiva demais, para justificar a afirmativa em negrito.O correto então, seria colocar que a autora não vê em Brasília a glória que ela intenta ter, por toda a questão política envolvida e por ser lá o local onde os poderes encontram-se e questões cuja resolução depende o futuro de uma nação inteira.


Brasília não me deixa ficar cansada”, durante vários momentos do texto, a autora refere-se à cidade como sendo a cidade que nunca dorme, “a paisagem da insônia”, título que pode ser dado também a Nova Iorque, São Paulo e outras metrópoles, dominadas pelas grandes industrias e que necessitam funcionar todo o tempo para gerir seus lucros. Em Brasília não é diferente, para Clarice, a cidade tem uma claridade além do natural, como se o tempo estivesse sendo contado sempre pelo sol,para ela, não há lua, e quando há, ninguém parece preocupado em observá-la.


Entre tantos adjetivos atribuídos a cidade, em sua crônica, a autora sente falta dos substantivos, de algo que torne a cidade mais humana, digna de ser nomeada pelos artigos que anseia utilizar. Afinal todo escritor quer ter às palavras a sua disposição, e qualquer coisa (mesmo que não seja palpável), que os impeça de usar, parece vir com a intenção de tolher sua criatividade e isto é intolerável.Não seria diferente para a inquieta Clarice.Não é diferente para quem tenta de uma maneira amadora, escrever suas impressões (me incluo nessa...)


Brasília não tem cárie”- este trecho reflete uma Brasília que não aceita imperfeições, os detalhes de sua estrutura arquitetônica estendem-se aos moradores, que devem preocupar-se em manterem-se dignos de serem brasilienses ou brasiliários, como nomeia a autora em seu jogo de palavras, liderados pela licença poética que norteia sua descrição.


Quem é Brasília? Que para autora, ganha vida, como que se fosse possível prender seus habitantes em uma esfera invisível, como que se uma vez nascido na cidade, uma série de eventos fossem incorporados ao recém chegado, e este se tornasse a cidade.


Talvez por ser constante, ritmada, trazer em seus projetos, algo uníssono, prático, Brasília seja esta cidade cheia de adjetivos que reclama a autora. Cheia de palavras que querem descrever a cidade, seja de uma maneira positiva ou ressaltar aquilo que a difere negativamente das outras em que a autora viveu. É uma crônica muito pessoal , isto é inegável ,Clarice além de tudo é poeta, dramática, mas ao mesmo tempo fala de um lugar, onde aquele que visita tem estas impressões descritas na narrativa, estes sentimentos a respeito da bela estranheza que os muros brasilienses causam naquele que vem de fora.


Diferente de seus visitantes, que parecem suplicar por algum tipo de sensação,o local que Clarice descreve, parece não sentir, e o que sente não transparece naturalidade, isto fica claro quando a autora diz “Brasília tem árvores. Mas ainda não convencem.Parecem de plástico”, esta agressividade que afeta a autora, pressupõe todo um contexto e vivência,onde este novo lugar é um estranho para ela. Possivelmente se fossem convidados a ler sobre a Brasília que está posta no livro: Para não esquecer, muitos moradores da cidade encontrariam exageros e inverdades no que diz a autora,posto que para eles esta realidade já está incorporada ao seu dia a dia, não vêem as paisagens de cor cinza que o capítulo descreve.


Mas sabe o que penso, o estranhamento é sempre do estrangeiro, já fui estrangeira, falo com propriedade de causa, o nativo naturaliza as situações e aprende com elas, o estrangeiro passa por etapas de rebeldia no novo lugar, até conseguir chegar a aceitar a realidade. A não ser se já foi estrangeiro antes, tenho amigos cidadãos do mundo , que já moraram em mil lugares e se naturalizam quando o passaporte é carimbado, quando respiram o ar local dizem: Pronto sou daqui!


O que será mesmo Brasília?...Talvez uma cidade construída para ser modelo, para desfilar, encantar e desgostar, porque as opiniões dependem de cada individuo e não há controle sobre os sentimentos. Talvez seja esta a parte contraditória da cidade : nascida para ser reta, como sua arquitetura , mas não há como controlar os sentimentos turvos que inspira. Não há como controlar Brasília, diz Clarice.


Volto neste tópico quando tiver a oportunidade de enxergar Brasília sem os filtros dos meus autores favoritos, sem as impressões dos amigos..Tenho que ver Brasília por mim mesma...Será que tenho? O que há mesmo por lá? Parece que depois de tantos parágrafos ainda busco motivo...Preciso?


Mas me valho destas impressões em por enquanto...E no momento defino assim: Brasília é um ponto de interrogação,e não precisa ser nada mais do que isto, até agora...

"O fato dos Americanos... (02/06/09 ás 21:52:54)

...Desrespeitarem os direitos humanos em solo cubano, é por demais forte simbolicamente para eu não me abalar"
Localização da base naval, inspiração da musica de Caetano"Localização da base naval, inspiração da musica de Caetano

Este é o trecho de uma musica de Caetano Veloso, chama-se À base de Guantanamo e refere-se à Base Naval, que foi alugada para os Estados Unidos em 1903, pelo preço de cinco mil dólares, que são repassados até hoje sem nenhum tipo de ajuste, mais de um século depois...Mas este não é o ponto, apesar de ser igualmente importante...


Do lado esquerdo desta base naval foram plantados cactos que formam um paredão, com a intenção de impedir que os cubanos peçam exílio...


Durante muito tempo, nada acontecia na baía, as pessoas pararam de olhar para este lado de Cuba, como se não existisse...Mas a polêmica toda que trata a música de Caetano é sobre os prisioneiros de guerra feitos no Afeganistão e que estão confinados na Base de Guantanamo.Ao todo são 158 prisioneiros que estão vivendo (ninguém tem acesso como) em solo cubano. Estes individuos, não são tratados com os direitos pré estabelecidos pela Convenção de Genebra, com o argumento de que são combatentes inimigos, definição esta que apesar de não existir no mundo jurídico, faz parte , do vocabulário desta população carcerária em Cuba, que hoje não são protegidos por nenhuma lei internacional.


Não faço com isto uma apologia às pessoas que são mantidas na base, não defendo e não sei os motivos exatos pelos quais elas permanecem por lá...Não foi divulgado uma lista com os prisioneiros e seus crimes, situação que deveria ser de domínio publico, nada é dito a respeito...É como se dissessem: “Eles estão presos e pronto. Desrespeitaram a lei e agora tambem tem seus direitos negados”.Ora! Voltamos ao olho por olho dente por dente...O mundo então cairá cego, como previu Mahatma Gandhi?


Neste momento, agora enquanto escrevo este post, e no momento que vocês lerem esta página, os direitos humanos de Cidadãos do Afeganistão estão sendo desrespeitado por norte americanos em solo cubano...Isso sim é um mundo globalizado:




  • Americanos

  • Afegãos

  • Cubanos

  • eu brasileira, sem entender como as pessoas preferem a intolerância do que qualquer tipo de diálogo


Nações que se ferem, que cobram um preço alto por seu perdão e se perdem em suas ideologias, sem saber para que lado ir...

Por isto esta é música que estou digerindo, esta semana: A base de Guantanamo...Alguém tem que dizer, o que ninguém parece interessado em ouvir, uma hora seja por insistência, ou por respeito a si próprio alguma coisa acontece...Ou não, mas seria esta a principal razão? Fazer com que algo aconteça? O que pretendo...?Só sei que tudo isto é por demais forte simbolicamente para eu não me abalar...A base de guantanamo...




quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Um blog de História...

Existem muitos motivos para começar este blog...Um deles certamente é a escolha profissional que fiz e que me motiva a buscar respostas ou aceitar o que simplesmente precisa de pesquisa, muita pesquisa...E o outro é porque precisava de um espaço só para escrever sobre o que fascina dentro desta escolha.

Sempre escrevi sobre estes assuntos, mas estavam ficando meio misturadas com algo mais pessoal no meu outro blog: www.minutosinconstantes.blogspot.com. E considerei importante ter um espaço só para “historiar”...Acredito que vai ficar mais prático de administrar e segmentar tb..Afinal quem estiver interessado em saber curiosidades históricas não precisa saber como está indo minha semana , certo?

Agora a motivação toda...

A parte mais interessante de estudar história certamente está nas coisas inacabadas, porque são nestes pontos que precisamos rever e trazer a tona questões que antes não existiam..Mais questões que demandam mais pesquisas, em um ciclo que mistura um pouco de tudo.

Cada descoberta, não precisa ser tão comemorada...Ou como dizem por aí: O melhor da festa é esperar por ela, a analogia disto com a carreira que escolhi é: o melhor do projeto é a pesquisa não o "resultado".

Tentarei colocar aqui um pouco do que absorvo desta ciência ( esta afirmação por si só já mostra que não será um blog extenso)...Mas trará partes do que realizo no Centro de Pesquisa que trabalho e dos Grupos e Projetos que faço parte.

Atualmente são três, todos ligados a realidade de Gênero, que o campo que mais me identifico, o que não significa que as outras áreas do conhecimento histórico serão negligenciadas...

Segue o Link das Plataformas de Pesquisa que participo na graduação:

Espero que seja uma ferramenta útil para quem busca informação e pesquisas em Ciências Humanas e um espaço para debates...Ou seja lá o que vocês quiserem.Web é um espaço democrático e aberto, não é?

Bem Vindos a este descontrole historiográfico